O número de pessoas com obesidade está aumentando rapidamente, e a cirurgia bariátrica é uma ferramenta eficiente para promoção de perda de peso, principalmente para quem apresenta índice de massa corporal (IMC) grau 3 (ou seja, maior ou igual a 40 kg/m2) e que passou por terapêuticas envolvendo mudança de estilo de vida e intervenção medicamentosa, mas sem surtir efeito.

Porém é importante alertar que a cirurgia bariátrica não é garantia de que a perda de peso durará para sempre: como toda cirurgia, apresenta riscos, e o paciente precisa ter a consciência de que deverá fazer uma vigilância nutricional e de hábitos de vida constante e durante toda a vida.

Recentemente, a perda óssea induzida pela cirurgia bariátrica tem chamado atenção. Esse efeito sobre o osso é multifatorial e as causas podem incluir deficiências de nutrientes, alterações hormonais intestinais e gonadais, perda de massa magra, aumento da gordura da medula óssea e maior risco de queda.

Existem estudos (leia aqui e aqui) que descrevem as evidências disponíveis sobre perda óssea e risco de fratura após cirurgia bariátrica, indicando um aumento da reabsorção óssea logo após a cirurgia. Entre os achados, estão a queda na área da densidade mineral óssea no quadril total de 2% a 5% em seis meses após a cirurgia bariátrica e de 6% a 10,5% no intervalo de nove a 12 meses. Esses estudos também relatam perda óssea significativa no rádio e na tíbia, além de alteração na microarquitetura óssea e risco de fratura aumentada dois anos após a cirurgia.

O bypass gástrico em Y de Roux (RYGB) já foi o procedimento bariátrico mais comum em todo o mundo, entretanto, a gastrectomia vertical (SG) tem sido cada vez mais preferida.

O acúmulo de evidências científicas sugere que o RYGB está associado a maior redução na densidade mineral óssea, maior aumento nos marcadores de remodelação óssea e maior risco de fratura em relação à SG, embora esta operação também acelere a perda óssea. Tais achados devem ser levados em consideração na determinação do procedimento bariátrico mais apropriado para pacientes, especialmente entre aqueles com maior risco de fratura.

Embora os primeiros estudos tenham focado cálcio / metabolismo da vitamina D e descarga mecânica do esqueleto (próprio peso do paciente), parece que alterações induzidas cirurgicamente nos hormônios e o perfil metabólico possam ser responsáveis pelo perfil da saúde óssea observado após a cirurgia bariátrica.

Um alerta é fundamental: tanto antes quanto depois da cirurgia bariátrica, independentemente do tipo, a ingestão de cálcio, o aporte de vitamina D, ingestão de proteína e atividade física adequada são essenciais para neutralizar os impactos negativos no osso derivados da bariátrica. Além disso, monitorar a massa óssea, fazendo uma densitometria óssea antes de operar e depois periodicamente (a critério do endocrinologista) é fundamental.

Portanto a cirurgia bariátrica deve ser cuidadosamente considerada por uma equipe multidisciplinar, que avaliará corretamente os riscos aliados aos benefícios para cada paciente. Afinal, o tratamento da obesidade é individual. Pense nisso.