A associação da obesidade com o câncer é muito maior do que as pessoas imaginam. É preciso conscientizá-las sobre essa relação e a necessidade de prevenção baseada nos pilares da alimentação saudável e da prática regular de atividade física

O dia 4 de fevereiro é marcado no calendário oficial de Saúde como o Dia Mundial do Câncer, e a associação da obesidade com o câncer é muito maior do que as pessoas imaginam: as pesquisas científicas indicam o excesso de peso e a obesidade como causa de pelo menos 13 tipos de câncer em cada 100 casos no Brasil: esôfago (adenocarcinoma), estômago (cárdia), pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino (cólon e reto), rins, mama (mulheres na pós-menopausa), ovário, endométrio, meningioma, tireoide e mieloma múltiplo.

Isso ocorre porque a obesidade gera uma inflamação crônica, que acaba promovendo uma alteração de hormônios e favorecendo a produção de células cancerígenas. O excesso de insulina favorece a proliferação celular. Há uma imunidade comprometida na pessoa com obesidade, o que pode reduzir o reconhecimento de células tumorais. O câncer de mama, endométrio e ovário podem sofrer influência do aumento da exposição da mulher a níveis elevados de estrógeno. Por isso, é importante conscientizar sobre a associação do câncer com a obesidade. 

Preocupações

De acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, existem casos específicos de cânceres com características hipermetabólicas, ou seja, esses tumores têm um consumo exagerado de energia, levando o indivíduo a um estado de perda nutricional maior.

O diabetes tipo 2, que está diretamente relacionado à obesidade e normalmente é desencadeado por dietas ricas em açúcar, também pode elevar o risco de câncer. No caso do câncer de mama, há um aumento de quase 20% na incidência em mulheres que têm diabetes.

Crianças comendo muito doce (ricos em açúcar e gordura) e a crescente obesidade entre adolescentes são fatores de preocupação, pois sabe-se que essas fases da vida são críticas em termos de desenvolvimento, e os fatores de risco expostos nessa faixa etária podem levar a uma vida adulta com saúde comprometida.

Prevenção

Há uma série de medidas públicas que podem ser implementadas para frear a incidência da obesidade. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) propõe “o aumento da tributação de bebidas açucaradas e adoçadas com adoçantes não calóricos ou de baixa caloria; a restrição da publicidade e da promoção (dirigidas ao público infantil) de alimentos e bebidas não saudáveis; a restrição da oferta de alimentos e bebidas ultraprocessados nas escolas; e a obrigatoriedade de advertências textuais frontais nas embalagens, a fim de indicar, por meio de mensagens diretas, os alimentos e as bebidas que contêm altos teores de açúcar, sódio, gordura, gordura saturada e calorias, assim como a presença de aditivos químicos, edulcorantes e gordura trans”.

A mudança de hábitos alimentares é fator decisivo para frear o aumento da obesidade e, consequentemente, do número de pacientes com câncer. E já é bem sabido que a atividade física é outro pilar nessa prevenção.

É fundamental reduzir (para não dizer eliminar de uma vez por todas) o consumo de alimentos ricos em sódio, açúcar e gordura — os chamados ultraprocessados —, pois, além de deletério para a saúde, esse tipo de ‘comida’ contribui para uma alimentação pobre em nutrientes e para as estatísticas crescentes da obesidade no Brasil, conforme indicado na Pesquisa Nacional de Saúde 2019 já tratada aqui no Blog.

Então, que tal reunir a família e começar desde agora o caminho para uma vida mais saudável, com a prática de atividade física e alimentação feita de comida de verdade, rica em nutrientes? Vamos juntos combater a obesidade para ajudar a diminuir as estatísticas sobre incidência do câncer! 😊