O cortisol tem sido associado a ganho de peso e à dificuldade em perder os quilos a mais. É preciso ter atenção ao diagnóstico de cortisol elevado e investigá-lo criteriosamente antes da bariátrica.

Produzido pelas glândulas adrenais, também chamadas de suprarrenais, o cortisol é um hormônio muito importante para a nossa saúde. Ele está ligado ao metabolismo das proteínas, açúcares e gorduras. Tem funções anti-inflamatórias, antialérgicas e imunossupressoras, além de regular outros hormônios do organismo, como os sexuais. E ele também é conhecido como o hormônio do estresse…que pode ser uma das causas do aumento de peso. Mas será que a culpa pelo ganho de peso pode ser só do cortisol elevado?

Muita calma aqui, leia tudo com cuidado!

A deficiência de cortisol pode ocasionar uma enfermidade grave, a doença de Addison. Já seu excesso pode levar à síndrome de Cushing, doença rara e também muito séria. Os indivíduos com excesso de cortisol costumam ter obesidade, glicemia e pressão aumentados, entre outros sinais clínicos.

Por isso, é muito importante que qualquer indivíduo com obesidade que deseje passar pela bariátrica seja criteriosamente avaliado por um endocrinologista para afastar todas as possibilidades de relação com a síndrome de Cushing. Isso porque existem casos gravíssimos de pessoas que foram operadas e tinham Cushing não investigado. Como consequências, sofreram perda de massa óssea, osteoporose grave e múltiplas fraturas severas no pós-operatório; há pacientes, inclusive, que podem ficar acamados pelo resto da vida.

Mas todo mundo que tem cortisol elevado tem obesidade ou síndrome de Cushing?

A resposta é não! Embora haja associação de estresse e aumento de peso, o cortisol aumentado, por si só, na maioria dos casos, não é o culpado pelo ganho excessivo de peso.

Predisposição genética — e cada um tem a sua —, estilo de vida e ambiente obesogênico podem explicar o ganho de peso e/ou a dificuldade em perdê-lo.

Em relação ao cortisol elevado, é preciso chamar atenção para o diagnóstico correto. Uma única medição não pode confirmar diagnóstico de Cushing!

Níveis acima do normal de cortisol só podem ser considerados quando é feito um exame de sangue com medição de cortisol em diferentes momentos do dia, a dosagem do cortisol salivar à meia-noite e a dosagem do cortisol urinário de 24 horas, além da complementação por outros exames hormonais. Além disso, alguns outros métodos para dosar cortisol, como o “teste pelo fio de cabelo”, não têm eficácia na prática clínica e não são recomendados pelos endocrinologistas.

Portanto, ficam os alertas sobre essa relação entre obesidade e cortisol elevado. Na dúvida, converse sempre com um endocrinologista, preferencialmente titulado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.